quinta-feira, 11 de março de 2010

Minotauro Sono

Do ronco tímido quase sonho sono de vaga-lume
Um risco lento e depois intenso de prazer (saindo)
Do olho vermelho piscando inerte pra quedar dormindo
Em viela suja de emaranhada lã a tecer o olvido
Truncada rota, arrisca perder-se em tantas quinas
No labirinto grego de um cabeça-tronco, homem-bovino
A guardar a jóia - rara jóia brilhante de um amor infindo

Mas que noite é essa que agita a lama dessa alma cinza
Essa terra borra de café dormido que adormece o fígado
Num navio fantasma de rota anunciada a levar consigo
Urros de tormento contrito a transbordar pra dentro
(Dentro de um óleo fino)

O trincar de copos qual torre sagrada a cantar anuncia
Palavras ao vento sopradas atrás de si - triste melodia
Um andar aflito em choroso penar - bem escondido
Rente ao muro, o dia, amarelecendo vãos escuros

E anda a besta perdida em mágico labirinto
Do amor levando o fio cada dia mais longo
Em infinita mobilidade e preguiçosa constância
Guarda a nata da dor em seu coração maldito