domingo, 10 de maio de 2009

Uma ponta

O policial que me conduziu à delegacia de Itabirito, um jovem oficial mineiro, não me algemou, não me constrangeu, apenas sugeriu que assinasse uma ficha. Concordei. Dentro do carro, comentou: por mim, legalizava tudo. Cumpriu a lei mesmo não concordando com ela.
A senhora oficial de justiça que me entregou a intimação para comparecer perante o juiz do fórum de Itabirito, veio à minha casa, sentou-se, tomou um café, e, de pernas cruzadas, comentou: isso é uma bobagem, aqui mesmo no parlamento usam-se coisas muito piores. Também cumpriu a lei à revelia de sua concordância.
O juiz determinou o depósito de um salário mínimo na conta de um orfanato da cidade.
Saí de Itabirito meio confuso. Pra quê tudo isso?

Para além de tudo que possa ser dito sobre a erva, essa pantera miúda de cálido tapa, quero liberdade para desfrutá-la. Quero que um frio na espinha me leve ao seu estupor.
E perceber que não sou eu que a seduzo, é ela, minha querida, que me embala.
Trago um pote de esperanças e alegrias que aperto contra o meu peito.
Em verdade, não sou eu que trago, mas é no seu próprio deleite que me vejo flanar.
Sou tragado pelo cachimbo da paz, da alegria, da tristeza e da ironia.
E dançamos uma valsa azul-acinzentada de amor.